- Ano: 2018
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Fotografias:Diego Medina
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Fabricantes: Anaya Metalurgia, Cermat, El Holandés, MasterGAS, Pasalto, Plastigas
Parte de um conjunto
Esta residência é a primeira construída entre um conjunto de casas para aluguel a poucos quarteirões das praias de Ostende.
Ostende é uma cidade balneária histórica com épocas de grande esplendor que gradualmente foi perdendo sua condição de cidade de veraneio frente aos seus vizinhos Pinamar, Valeria del Mar e Cariló. Ostende tornou-se na cidade de maior ocupação permanente da região, abrigando grande parte da classe trabalhadora.
Por essas características geográficas, históricas e sociais decidiu-se criar uma arquitetura que reflete uma contemporaneidade com sinais de austeridade formal e material.
O desafio foi projetar 6 casas em lotes contíguos, topograficamente variados com um conceito híbrido que enfatize a moradia unifamiliar no lote próprio que, por sua vez, possua certas características conceituais que reforcem a ideia de conjunto.
Reformulações tipológicas
A casa se conecta com o seu entorno, essas residências pré-existentes respondem ao estilo "Chalé de tijolos de pinamarense" muito popular na região durante os anos 80 e meados dos anos 90, casas que eram caracterizadas por um volume principal de tijolo à vista com juntas, madeiras e grandes coberturas em declive. A habitação proposta repreende o "estilo" e adapta a materialidade à realidade tecnológica atual.
Projetada para um usuário genérico, a residência minimiza as áreas dos dormitórios para usar mais recursos na área de encontro e lazer. A churrasqueira próxima à sala de estar/jantar funciona como um hall interior/exterior, gradualmente desconstruindo a caixa arquitetônica.
O espaço não construído como central no projeto
A implantação da casa no lote permite recortar porções do terreno entre as duas alas, criando um espaço delimitado de apropriação do lote na parte posterior, bem como o resguardo do acesso principal.
Tanto na moradia individual como em sua concepção de conjunto, entende-se como dado importante de projeto o espaço posterior. Trata-se de um parque com árvores preservadas no seu estado natural como "lugar protegido" para o ócio. A moradia, por forma e implantação, é protegida das vistas desde as duas ruas.
A residência como um contraste entre natureza e artificial tanto desde o cromático quanto desde o formal
A moradia se afasta do entorno permitindo um dinamismo a nível perceptivo enquanto evita a deterioração da alvenaria na sua chegada ao solo.
A busca por privacidade na suíte resulta em uma proposta articulada. A divisão do programa maximiza o perímetro mas foca pontualmente nas vistas e insolação desde as aberturas. Um esquema volumétrico estratificado abre-se no sentido longitudinal, aproximando-se da rua mais movimentada e de seus futuros vizinhos laterais.
A dupla inclinação das coberturas abre-se ao espaço exterior, maximizando as entradas de luz tanto durante a manhã como durante a tarde.
A materialidade foi adotada por meio de uma grande quantidade de experimentações, sua escolha se deve a diferentes fatores, entre eles a aparência monolítica na busca por uma simplicidade formal de grande presença. O fato de que a mão de obra local domina a construção em alvenaria foi um fator importante no momento de definir a escolha do tijolo comum como material fundamental. A parede dupla autoportante de tijolo com câmara de ar resolve ao mesmo tempo as solicitações térmicas e estruturais além de reduzir ao mínimo os gastos com manutenção.
Os diferentes padrões de tijolo permitem distintos jogos de luz e sombra ao mesmo tempo em que ocultam elementos de serviço resolvendo diferentes tipos de limites, porosidades e relevos sem perder a homogeneidade cromática-formal.